Pagamentos à Ryanair são “subsídios encapotados” e mostram perigos da dependência exclusiva

09-06-2023

Pagamentos à Ryanair são “subsídios encapotados” e mostram perigos da dependência exclusiva de companhias aéreas privadas

Pagamentos à Ryanair são “subsídios encapotados” e mostram perigos da dependência exclusiva

O Bloco de Esquerda considera que os pagamentos à Ryanair para voar para os Açores são “apoios de estado encapotados” e defende que o Governo Regional não pode ceder à chantagem da companhia aérea. António Lima disse também que esta situação é um alerta para o futuro: com a SATA a TAP privatizadas, “os Açores ficarão nas mãos destes piratas do ar”, que podem exigir milhões para manter as ligações dos Açores ao continente.

Perante as notícias que dão conta da ameaça da Ryanair de abandonar as ligações com os Açores e que estão a decorrer negociações entre o Governo Regional e a companhia aérea para a atribuição de mais apoios públicos, o Bloco de Esquerda exige transparência, e por isso, vai solicitar o acesso a todos os contratos existentes entre entidades financiadas com verbas públicas e a Ryanair – como a Visit Azores e as Câmaras do Comércio – assim como o acesso às propostas da Ryanair e as contrapropostas do Governo na negociação que está em curso.

Numa conferência de imprensa realizada esta manhã, António Lima lembrou que as ligações de São Miguel e da Terceira com o continente estão liberalizadas, e que, por isso, “não podem existir subsídios diretos ou encapotados”.

O Bloco condena a atitude da Ryanair, que está a fazer “chantagem sobre os Açores” e “um assalto aos contribuintes” e diz que “é inadmissível que o Governo se ajoelhe perante a Ryanair e aceite pagar mais”.

“O Governo Regional tem de defender os Açores e rejeitar qualquer subsídio à Ryanair nas rotas liberalizadas”, disse o deputado do Bloco, que acrescentou que “não há qualquer motivo para que a Ryanair tenha um tratamento diferente das restantes companhias aéreas”, como a SATA e TAP, que não recebem apoios para estas rotas.

“Este é o governo que queria acabar com a subsidiodependência. Mas é o mesmo governo que mantém e quer alargar subsídios à multimilionária Ryanair”, acusou António Lima.

O deputado admite que esta atitude mais agressiva da Ryanair – que ameaça abandonar os Açores e que já retirou do mercado as passagens aéreas para o próximo inverno – pode estar ligada ao processo de privatização da SATA Internacional.

“Sabendo que o processo de privatização da SATA Internacional está em curso, a Ryanair terá visto aqui uma vantagem adicional num processo de negociação”, disse António Lima.

O Bloco volta a salientar que a dependência total de empresas privadas para as ligações aéreas entre os Açores e o continente – com a privatização da SATA e da TAP – é um perigo para os Açores e põe em causa a “autonomia económica, o direito à mobilidade, e terá custos económicos e sociais enormes”.